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Although Vinicius had established his public figure through poetry and popular song, he was one of the greatest prose writers of his generation. As a matter of fact, a generation where the good prose of that time was crystallized through a chronic genre extremely characterized by the style of Rio de Janeiro city.

 

With a large number of newspapers that circulated in the city and with a team of writers which would vary from Rubem Braga to Carlinhos de Oliveira, from Carlos Drummond de Andrade to Clarice Lispector, from Fernando Sabino to Nelson Rodrigues, Vinicius sit among them as a chronicler who transmitted to the prose, the same reasons and the same lightness of style that he presented to the public in his poems.

 


Smith-Corona versus Vat-69
Vinicius de Moraes
Poesia/crônica

SMITH-CORONA VERSUS VAT-69


Hoje eu colocarei pequenas lâmpadas em todos os lírios, e acenderei os campos da Terra para que a Lua, quando nasça, pense que está bêbada, e que o Infinito virou ao contrário, e vomite sobre o Mundo uma galáxia multicor.

Depois me mandarei a Marte (mandar-me-ei a Marte?) num foguete interplanetário onde haja um único LP (e a quem decifrá-lo, em cartas à redação, eu, esfingético, o devorarei).

E partirei para a ignorância, com Jayme Ovalle, Arlett y e Katchaturian, pregando rabos de papel em futuros camelôs da República e desenhando a carvão sobre os muros brancos a fórmula da desagregação da rosa.

Mas que não me exorcizem os clérigos, nem me prendam os tiras, pois eu os perfurarei de semifusas com a minha guitarra automática, e se forem muitos, os debandarei com violentas granadas mías.

Porque ou muito me engano ou tomarei um pileque de Arpège e beijarei novamente o rosto do poeta Carlos, e mergulharei no largo do Passeio Público para procurar meus óculos, enquanto o arquiteto Carlos arranca os cabelos, e depois reinventarei a TV com o desenhista Carlos, e terminarei dando um balão no compadre Carlos, de cujo mármore será feita a minha lápide.*

E que não me venham dizer que é tarde, que não há divisas e Feu Mathias Pascal quer dizer que ele morreu. Tampouco vociferem contra o cravo, contra Tchaikovski e contra as panelas a jacto. Cabe de tudo neste mundo, filhos meus. Não é à toa que os homens do Nepal não querem nada com as mulheres de Cochabamba. Mais vale um mamão na mão que uma mão no pé. É ou não é? Purque si num fô eu vô contá pa Exu ti castigá fazê mandinga cantá maringá acarajé camocim sobral.

E depois há o problema da transcendência do mito, da ubiquidade do pito e do Verbundenchaft. Mas eu partirei, altivo e desdenhoso, e deixar-me-ei, esquivo, lá onde Zaratustra vivia rododendro as unhas de inveja de Prometeu.

E cantarei a caraboo comendo carambolas no quintal de meu ex-avô. E porei borboletas em moringas, sapatos em geladeiras e faturas em cavernas. Abúlico, seguirei a rota de Livingstone para ir desaguar no Elephant Blanc. Beberei champanha em fêmures e erguerei um brinde à ordem nova. Nova, uma ova! Ordem era a ordem-unida com a moçada marchando firme ali pelo Ibirapuera um-dois-feijão-com-arroz o sargento Carlão gritando alto! pra comê umas melancias a gente se rindo cutuba!

É Flórida. Em verdade vos digo que é Flórida, é mais que Flórida é Florença, e mais que Florença é Florianópolis. E antes que venha Floriano, reelejamos Deodoro. Ou dê, ou doro! E necalina de virivizera, senão eu chamo o Morengueira pra lhe passar uma rasteira, e eu sei que ele não se restringe de lhe riscar uma solinge desde o maneco até a esfinge. Tá bom? Porque a verdade é que é tudo mu-munha, MU-MU-NHA! E não me venha com essa história de Crato que eu sou é de Fortaleza, j’oviu? e conheço Gilberto, Antiógenes, e João Condé, j’oviu? E sou dono de boate em Maceió e de serviço de marinete em Feira de Santana e tenho mucho dinheiro para comprar até bomba de gasolina feito o Frederico C. esse homem bom cabra da peste com nome de navio, que quase que trouche Marlene mas trouche Sara Vagão, o danado do homem trouche, homem danado!

Sabem que foi Saleuco? Scotus? Schützenberger? Conhece Seleções? Qual é o seu IQ? Acaso dir-me-ia o que é, dir-me-ia, acaso, o que é diácope? 

É inútil, ó Revisor. Não é mesmo para entender. Remember Stanislaw. Não toqueis! Noli me tangere! Não é tangerina não que eu queria dizer, ouviu, Revisor? Montevideanamente vosso…


* Infelizmente, a Morte não quis assim e deu prioridade a Carlos Echenique.

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