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Although Vinicius had established his public figure through poetry and popular song, he was one of the greatest prose writers of his generation. As a matter of fact, a generation where the good prose of that time was crystallized through a chronic genre extremely characterized by the style of Rio de Janeiro city.
With a large number of newspapers that circulated in the city and with a team of writers which would vary from Rubem Braga to Carlinhos de Oliveira, from Carlos Drummond de Andrade to Clarice Lispector, from Fernando Sabino to Nelson Rodrigues, Vinicius sit among them as a chronicler who transmitted to the prose, the same reasons and the same lightness of style that he presented to the public in his poems.
QUÍMICA ORGÂNICA
Há mulheres altas e mulheres baixas; mulheres bonitas e mulheres feias; mulheres gordas e mulheres magras; mulheres caseiras e mulheres rueiras; mulheres fecundas e mulheres estéreis; mulheres primíparas e mulheres multíparas; mulheres extrovertidas e mulheres inconsúteis; mulheres homófagas e mulheres inapetentes; mulheres suaves e mulheres wagnerianas; mulheres simples e mulheres fatais — mulheres de toda sorte e toda sorte de mulheres no nosso mundo de homens. Mas, do que pouca gente sabe é que há duas categorias antagônicas de mulheres cujo conhecimento é da maior utilidade, de vez que pode ser determinante na relação desses dois sexos que eu, num dia feliz, chamei de “inimigos inseparáveis”. São as mulheres “ácidas” e as mulheres “básicas”, qualificação esta tirada à designação coletiva de compostos químicos que, no primeiro caso, são hidrogenados, de sabor azedo; e no segundo, resultam da união dos óxidos com a água e devolvem à tintura do tornassol, previamente avermelhada pelos ácidos, sua primitiva cor azul.
Darei exemplos para evitar que os ínscios e levianos, ao se deixarem levar pela mania de classificar, que às vezes resulta de uma teoria paracientífica, cometam injustiças irreparáveis. Pois a verdade é que mulheres que podem parecer em princípio “ácidas”, como as louras (conf. com a expressão corrente: “branca azeda” etc.), podem apresentar tipos da maior basicidade. Não é possível haver mulher mais “básica” que Marylin Monroe,* por exemplo; enquanto que Grace Kelly, que muita gente pode tomar por “básica”, é a mulher mais cítrica dos dias que correm. Podia-se fazer com Grace Kelly a maior limonada de todos os tempos, e nem todo o açúcar de Cuba seria capaz de adoçá-la.
De um modo geral, a mulher “ácida” é sempre bela, surpreendente mesmo de beleza. É como se a Natureza, em sua eterna sabedoria, procurasse corrigir essa hidrogenação excessiva com predicados que a façam perdoar, se não esquecer pelos homens. Porque uma coisa eu vos digo: é preciso muito conhecimento de química orgânica para poder distinguir uma “básica” ou uma “ácida” pela cara. A mulher “ácida” tem uma consciência intuitiva da sua química, e não é incomum vê-la querer passar por “básica” graças ao uso de maquilagem apropriada e outros disfarces próprios à categoria inimiga.
Como um homem prevenido vale por dois, dou aqui, por alto, noções geográficas e fisiológicas dos dois tipos, de modo que não chupe tamarindo aquele que gosta de manga, e vice-versa. À vol d’oiseau se pode dizer que as regiões escandinavas, certas regiões balcânicas e a América do Norte são infestadas de mulheres “ácidas”, no caso da América, sobretudo o Sul e Middle West, onde há predominância do tipo one hundred per cent American. Ingrid Bergman é uma “ácida escandinava” típica e é preciso ir procurar uma Greta Garbo para achar a famosa exceção comum a toda regra. As Ilhas Britânicas em si não são “ácidas”; mas há que ter cuidado com certas regiões da Escócia e da Irlanda, onde o limão come solto. Na França, com exceção de Paris e Île-de-France, e naturalmente da Côte d’Azur, reina uma certa acidez, sobretudo na Bretanha, Alsácia e Normandia. A Itália é “básica”, tirante, talvez, o Vêneto e a Sicília. Os Países Baixos são o que há de mais “ácido”, Flandres ainda mais que a região flamenga. A Alemanha é à base do araque. Há, aí, que ir mais pelo padrão psicofisiológico que pelo geográfico.
Desconfie-se, em princípio, de mulheres com muita sarda ou tache de rousseur. Há exceções, é claro; mas vejam só Bette Davis,** que é de dar dor na dentina. É bom também andar um pouco precavido com mulheres, louras ou morenas, levemente dentuças. Acidez quase certa.
Felizmente, a grande maioria é constituída de “básicas”, para bem de todos e felicidade geral da nação. Sobretudo no Brasil, felizmente liberto, desde alguns meses, da sua “ácida número um” — aliás de outras plagas, diga-se, o peito inchado do mais justo orgulho nacional.
* O autor congratula-se consigo mesmo de haver escrito, há dez anos, uma verdade que resulta em tão graciosa homenagem póstuma à grande estrela americana.
** Poderia ser substituída, atualmente, pela atriz Doris Day.