Os malditos
Rio de Janeiro , 1935
(A aparição do poeta) Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em...
P(B)A(O)I
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro A Carlos Drummond de Andrade, que com seu só título Boitempo me deu a chave deste poema Pai Modorrando de tarde na cadeira De...
Paisagem
Rio de Janeiro , 1946
Subi a alta colina Para encontrar a tarde Entre os rios cativos A sombra sepultava o silêncio. Assim entrei no pensamento Da morte minha amiga Ao...
Patético
Rio de Janeiro , 2004
Está ausente. Ausente como as vozes da minha infância E muda - eu lhe dou adeus de todos os espaços Grito o seu nome em todas as ruas - e os trens passam deixando a...
Perdoai-me, meus amigos,...
Rio de Janeiro , 2004
Perdoai-me, meus amigos, a minha súbita vontade de chorar em vosso mágico convívio Eu tenho vontade de chorar sobre a minha súbita inocência. Tenho também...
Pescador
Rio de Janeiro , 1946
Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas ...
Poema de Natal
Rio de Janeiro , 1946
Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses ...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Poética
Rio de Janeiro , 1954
De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem...
Princípio
Rio de Janeiro , 1938
Na praia sangrenta a gelatina verde das algas — horizontes! Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma...) O mar......
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Quatro sonetos de meditação
Oxford , 1946
I Mas o instante passou. A carne nova Sente a primeira fibra enrijecer E o seu sonho infinito de morrer Passa a caber no berço de uma cova. Outra carne...
Que hei de fazer de mim,...
Rio de Janeiro , 2004
Que hei de fazer de mim, neste quarto sozinho Apavorado, lancinado, corrompido A solidão ardendo em meu corpo despido E em volta apenas trevas e a imagem do carinho! ...
Receita de mulher
Rio de Janeiro , 1959
As muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. É preciso Que haja qualquer coisa de flor em tudo isso Qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute...
Revolta
Rio de Janeiro , 1933
Alma que sofres pavorosamente A dor de seres privilegiada Abandona o teu pranto, sê contente Antes que o horror da solidão te invada. Deixa que a vida te possua ardente Ó...