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Que hei de fazer de mim,...

Rio de Janeiro , 2004

Que hei de fazer de mim, neste quarto sozinho 
Apavorado, lancinado, corrompido 
A solidão ardendo em meu corpo despido 
E em volta apenas trevas e a imagem do carinho! 

Defendido, a me encher como um rio contido 
E eu só, e eu sempre só! ó miséria, ó pudor! 
Vem, deita comigo, branco e rápido amor 
Risca de estrelas cruéis meu céu perdido! 

Lança uma virgem, se lança, sobre este quarto 
Fá-la que monte no teu sórdido inimigo 
E que o asfixie sob o seu púbis farto 

Mas que prazer é o teu, pobre alma vazia 
Que a um tempo ordenhas lágrimas contigo 
E outras enxugas, fiéis lágrimas de agonia!