A cidade antiga
Rio de Janeiro , 2004
Houve tempo em que a cidade tinha pêlo na axila E em que os parques usavam cinto de castidade As gaivotas do Pharoux não contavam em absoluto Com a posterior...
A floresta
Rio de Janeiro , 1933
Sobre o dorso possante do cavalo Banhado pela luz do sol nascente Eu penetrei o atalho, na floresta. Tudo era força ali, tudo era força Força ascencional da natureza. A luz...
A impossível partida
Rio de Janeiro , 1935
Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?... Como poder viver...
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias...
Rio de Janeiro , 2004
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias A regra pode-se enunciar assim: espera-se que a avó entre para descansar, depois vai-se pé...
A miragem
Rio de Janeiro , 2004
Não direi que a tua visão desapareceu dos meus olhos sem vida Nem que a tua presença se diluiu na névoa que veio. Busquei inutilmente acorrentar-te a um passado...
A morte de madrugada
Rio de Janeiro , 2004
Muerto cayó Federico. Antonio Machado Uma certa madrugada Eu por um caminho andava Não sei bem se estava bêbado Ou se tinha a morte...
A morte do pintainho
Rio de Janeiro , 1970
Quem matou o pintainho? Eu, disse o pato Com meu pé chato Eu matei o pintainho. Quem viu ele morto? Eu, disse o mocho Com meu olho torto ...
A mulher que passa
Rio de Janeiro , 1938
Meu Deus, eu quero a mulher que passa. Seu dorso frio é um campo de lírios Tem sete cores nos seus cabelos Sete esperanças na boca fresca! Oh! como és linda, mulher...
Amigo Di Cavalcanti...
Rio de Janeiro , 2004
São Paulo, nos 66 anos do pintor mais jovem do Brasil Amigo Di Cavalcanti A hora é grave e inconstante. Tudo aquilo que prezamos O povo, a arte, a...
Ânsia
Rio de Janeiro , 2004
Na treva que se fez em torno a mim Eu vi a carne. Eu senti a carne que me afogava o peito E me trazia à boca o beijo maldito. Eu gritei. De horror eu gritei que a...
Ânsia
Rio de Janeiro , 1933
Na treva que se fez em torno a mim Eu vi a carne. Eu senti a carne que me afogava o peito E me trazia à boca o beijo maldito. Eu gritei. De horror eu gritei que a...
Ariana, a mulher
Rio de Janeiro , 1936
Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o...
Balada da moça do Miramar
rio de Janeiro , 1954
Silêncio da madrugada No Edifício Miramar... Sentada em frente à janela Nua, morta, deslumbrada Uma moça mira o mar. Ninguém sabe quem é ela Nem...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada de Di Cavalcanti
Rio de Janeiro , 2004
Nos sessenta e cinco anos do pintor mais jovem do Brasil Carioca Di Cavalcanti É com a maior emoção Que este também carioca Te traz...