Eu creio na alma...
Rio de Janeiro , 2004
Eu creio na alma Nau feita para as grandes travessias Que vaga em qualquer mar e habita em qualquer porto Eu creio na alma imensa A alma dos grandes mistérios ...
Eu venho te trazer esta mulher...
Rio de Janeiro , 2004
Eu venho te trazer esta mulher - é louca!... tem olhar de céu mas o céu é morto nos seus olhos Toma, é tua! - é bela, eu a vi nua... seus seios são...
Extensão
Rio de Janeiro , 1933
Eu busquei encontrar na extensão um caminho Um caminho qualquer para qualquer lugar. Eu segui ao sabor de todos os ventos Mas somente a extensão. Chorei. Prostrado na terra eu...
Extremamente circunspecta...
2004
Extremamente circunspecta Jazia a perna. Digo-vos que extremamente circunspecta e pálida Jazia a perna. Digo-vos que extremamente circunspecta, pálida e ambígua ...
Exumação de Mário de Andrade
Rio de Janeiro , 2004
No 17º ano da sua morte e no 40º do seu nascimento Na semana de Arte Moderna Minha casa de Saint Andrews Place. Duas da manhã. Abro uma gaveta Com um...
Feijoada à minha moda
Rio de Janeiro , 1962
Amiga Helena Sangirardi Conforme um dia eu prometi Onde, confesso que esqueci E embora - perdoe - tão tarde (Melhor do que nunca!) este poeta Segundo...
Fim
Rio de Janeiro , 1933
Será que cheguei ao fim de todos os caminhos E só resta a possibilidade de permanecer? Será a Verdade apenas um incentivo à caminhada Ou será ela a própria...
Fuga e adágio
Rio de Janeiro , 2004
Vou sair correndo desta cidade em busca de um lugar qualquer onde possa escrever o poema da minha desgraça Vou, porque já é demais para mim o espetáculo incessante da...
Genebra em dezembro
Genebra , 1954
Campos de neve e píncaros distantes Sinos que morrem Asas brancas em frios céus distantes Águas que correm. ...
Gostaria de dar-te, namorada...
Rio de Janeiro , 2004
Gostaria de dar-te, namorada Nos teus vinte e cinco anos de beleza Tudo o que há de melhor na natureza Entre o que anda, voa, corre e nada. Gostaria de dar-te de...
Himeneu
Rio de Janeiro , 2004
Na cama, onde a aurora deixa Seu mais suave palor Dorme ninando uma gueixa A dona do meu amor. De pijama aberto, flui Um seio redondo e escuro Que como,...
História de alma
Rio de Janeiro , 2004
Meia-noite. Frio. Frio em tudo E mais frio que em tudo, frio na Alma A Noite grande e aberta... a Alma grande e aberta... Infinitamente frias... No alto a noite...
História do samba
Rio de Janeiro , 2004
Gosto de um samba chulado Porque é samba de cadência No corrido sou danado Mostro a minha independência Mas o meu samba adorado Onde perco a...
História passional, Hollywood, Califórnia
rio de Janeiro , 1954
Preliminarmente, telegrafar-te-ei uma dúzia de rosas Depois te levarei a comer um shop-suey Se a tarde também for loura abriremos a capota Teus cabelos ao vento marcarão oitenta...
Idade média
Rio de Janeiro , 1938
Faze com que tua boca seja para mim água e não vinho E faze com que para mim teus seios peras e não cidras... Algum dia no teu ventre que eu vejo se estender como uma branca terra...