A brusca poesia da mulher amada (II)
Rio de Janeiro , 1959
A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada ...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A grande voz
Rio de Janeiro , 1933
É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo Só a miséria da carne, e o mundo se...
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias...
Rio de Janeiro , 2004
A infância é uma gaveta fechada, numa antiga cômoda de velhas magias A regra pode-se enunciar assim: espera-se que a avó entre para descansar, depois vai-se pé...
A morte
Rio de Janeiro , 1954
A morte vem de longe Do fundo dos céus Vem para os meus olhos Virá para os teus Desce das estrelas Das brancas estrelas As loucas...
Amigo Di Cavalcanti...
Rio de Janeiro , 2004
São Paulo, nos 66 anos do pintor mais jovem do Brasil Amigo Di Cavalcanti A hora é grave e inconstante. Tudo aquilo que prezamos O povo, a arte, a...
Ariana, a mulher
Rio de Janeiro , 1936
Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o...
As procelárias
Rio de Janeiro , 2004
De minha velha torre eu acompanho cada ano as aves que fogem dos climas atrozes Lentas aves cuja multidão de asas batendo deixa a tempestade boiar sobre os verdes oceanos dos...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada do enterrado vivo
Rio de Janeiro , 1946
Na mais medonha das trevas Acabei de despertar Soterrado sob um túmulo. De nada chego a lembrar Sinto meu corpo pesar Como se fosse de chumbo. ...
Ele é o mundo extremo de beleza...
Rio de Janeiro , 2004
Ele é o mundo extremo de beleza e de todas as idéias passadas e futuras É a sabedoria de todas as coisas na sua essência de música e de poesia É a...
Elegia ao primeiro amigo
Rio de Janeiro , 1943
Seguramente não sou eu Ou antes: não é o ser que eu sou, sem finalidade e sem história. É antes uma vontade indizível de te falar docemente De te lembrar...
Elegia desesperada
Oxford , 1943
Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra — alguém; alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam As aves do céu!...
Elegia quase uma ode
Itatiaia-RJ , 1943
Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem. O verso que mergulha o fundo de minha alma É simples e fatal, mas não traz carícia... Lembra-me de ti, poesia...
Fuga e adágio
Rio de Janeiro , 2004
Vou sair correndo desta cidade em busca de um lugar qualquer onde possa escrever o poema da minha desgraça Vou, porque já é demais para mim o espetáculo incessante da...