A vida vivida
Rio de Janeiro , 1938
Quem sou eu senão um grande sonho obscuro em face do Sonho Senão uma grande angústia obscura em face da Angústia Quem sou eu senão a imponderável...
A você, com amor
Rio de Janeiro , 2004
O amor é o murmúrio da terra quando as estrelas se apagam e os ventos da aurora vagam no nascimento do dia... O ridente abandono, a rútila...
A você, meu caro Millôr Fernandes...
Rio de Janeiro , 2004
A você, meu caro Millôr Fernandes (Poeta íntimo, homem triste, grande humorista, mais conhecido por Vão Gôgo E às vezes […] ) A...
A volta da mulher morena
Rio de Janeiro , 1935
Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo E estão me despertando de noite. Meus amigos, meus irmãos,...
Acontecimento
Rio de Janeiro , 2004
Haverá na face de todos um profundo assombro E na face de alguns, risos sutis cheios de reserva Muitos se reunirão em lugares desertos E falarão em voz baixa...
Agonia
Rio de Janeiro , 1935
No teu grande corpo branco depois eu fiquei. Tinha os olhos lívidos e tive medo. Já não havia sombra em ti — eras como um grande deserto de areia Onde eu houvesse tombado...
Ah, como eram belos neste instante os ermos marítimos...
Rio de Janeiro , 2004
Quarta-Feira da Paixão Ah, como eram belos neste instante os ermos marítimos E como era misterioso e distante o poente da cinza Que como um fato, oculto nos pálidos...
Alba
Rio de Janeiro , 1935
Alba, no canteiro dos lírios estão caídas as pétalas de uma rosa cor de sangue Que tristeza esta vida, minha amiga... Lembras-te quando vínhamos na tarde roxa e eles...
Alexandra, a caçadora
Rio de Janeiro , 2004
Todos sabemos de cor Mas nunca como Alexandra Porque Alexandra é a maior! Olhem bem o nome: rima Com força locomotriz Pode subir serra acima ...
Alexandrinos a Florença
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro Nessa tarde toscana, hermética e remota, Verde sinistro sobre antiga terracota, De onde, conzento-azuis, ímã-ferrugem, surgem Cúpulas,...
Algumas vezes tem acontecido que estando a amiga...
Rio de Janeiro , 2004
De repente calma, e eu em sua companhia Por causa de um céu azul, ou de um azul de nostalgia Ela me prende e me beija e me acarinha, e eu perdido por aquela Suavidade,...
Amiga minha, hoje no céu a Lua...
Rio de Janeiro , 2004
Amiga minha, hoje no céu a Lua Tem uma face que me lembra a tua A Lua é sempre assim, ou é teu rosto Que dorme no céu posto, amiga minha? Ah,...
Amigo Di Cavalcanti...
Rio de Janeiro , 2004
São Paulo, nos 66 anos do pintor mais jovem do Brasil Amigo Di Cavalcanti A hora é grave e inconstante. Tudo aquilo que prezamos O povo, a arte, a...
Amor
Rio de Janeiro , 2004
Vamos brincar, amor? vamos jogar peteca Vamos atrapalhar os outros, amor, vamos sair correndo Vamos subir no elevador, vamos sofrer calmamente e sem precipitação? ...
Amor nos três pavimentos
Rio de Janeiro , 1938
Eu não sei tocar, mas se você pedir Eu toco violino fagote trombone saxofone. Eu não sei cantar, mas se você pedir Dou um beijo na lua, bebo mel himeto Pra cantar melhor....