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Soneto de criação

Rio de Janeiro , 2004

Rio de Janeiro
Deus te fez numa fôrma pequenina 
De uma argila bem doce e bem morena 
Deu-te uns olhos minúsculos de china 
Que parecem ter sempre um olhar de pena. 

Banhou-te o corpo numa fonte fina 
Entre os rubores de uma aurora amena 
E por criar-te assim, leve e pequena 
Soprou-te uma alma cálida e divina. 

Tão formosa te fez, tão soberana 
Que dar-te aos anjos por irmã queria 
Mas ao plasmar-te a carne predileta 

Deus, comovido, te criara humana 
E para tua justa moradia 
Atirou-te nos braços do poeta.