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Elegia de Taormina

Rio de Janeiro , 2004

Taormina
A dupla profundidade do azul 
Sonda o limite dos jardins 
E descendo até a terra o transpõe. 
Ter o Etna, coberto de neve, ao horizonte da mão, 
Considerado das ruínas do templo grego, 
Descansa. 

Ninguém recebe conscientemente 
O carisma do azul. 
Ninguém esgota o azul e seus enigmas. 

Armados pela história, pelo século, 
Aguardando o desabar do azul, o desfecho da bomba, 
Nunca mais distinguiremos 
Beleza e morte limítrofes. 
Nem mesmo debruçados 
Sobre o mar de Taormina. 

Oh, intolerável beleza, 
Oh, pérfido diamante, 
Ninguém, depois da iniciação, dura 
No teu centro de luzes contrárias. 

Sob o signo trágico vivemos 
Mesmo quando na alegria 
Levantamos o pão e o vinho. 
Oh, intolerável beleza 
Que sem a morte se oculta.