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Ela entrou como um pássaro no museu de memórias...

Rio de Janeiro , 2004

Ela entrou como um pássaro no museu de memórias 
E no mosaico em preto e branco pôs-se a brincar de dança. 
Não soube se era um anjo, seus braços magros 
Eram muito brancos para serem asas, mas voava. 
Tinha cabelos inesquecíveis, assim como um nicho barroco 
Onde repousasse uma face de santa de talha inacabada. 
Seus olhos pesavam-lhe, mas não era modéstia 
Era medo de ser amada; vinha de preto 
A boca como uma marca do beijo na face pálida. 
Reclinado; nem tive tempo de a achar bela, já a amava.