A arca de Noé
Rio de Janeiro , 1970
Sete em cores, de repente O arco-íris se desata Na água límpida e contente Do ribeirinho da mata. O sol, ao véu transparente Da chuva de ouro e de prata...
A bomba atômica I
rio de Janeiro , 1954
e = mc2 Einstein Deusa, visão dos céus que me domina … tu que és mulher e nada mais! (Deusa, valsa carioca.) Dos céus descendo Meu...
A brusca poesia da mulher amada
Rio de Janeiro , 1938
Longe dos pescadores os rios infindáveis vão morrendo de sede lentamente... Eles foram vistos caminhando de noite para o amor — oh, a mulher amada é como a fonte! A...
A brusca poesia da mulher amada (II)
Rio de Janeiro , 1959
A mulher amada carrega o cetro, o seu fastígio É máximo. A mulher amada é aquela que aponta para a noite E de cujo seio surge a aurora. A mulher amada ...
A brusca poesia da mulher amada (III)
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro A Nelita Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja...
A cidade antiga
Rio de Janeiro , 2004
Houve tempo em que a cidade tinha pêlo na axila E em que os parques usavam cinto de castidade As gaivotas do Pharoux não contavam em absoluto Com a posterior...
A cidade em progresso
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro (Ideal) (fragmento) O poeta parte no eterno renovamento. Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si. O poeta: Eu sonho...
A criação na poesia
Rio de Janeiro , 1935
(Ideal) (Fragmento) O poeta parte no eterno renovamento. Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si. O poeta: Eu sonho a poesia dos gestos...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A estrela polar
Rio de Janeiro , 1946
Eu vi a estrela polar Chorando em cima do mar Eu vi a estrela polar Nas costas de Portugal! Desde então não seja...
A estrelinha polar
Rio de Janeiro , 1962
Oceano Atlântico, a bordo do Highland Patriot, a caminho da Inglaterra De repente o mar fosforesceu, o navio ficou silente O firmamento lactesceu todo em poluções vibrantes...
A floresta
Rio de Janeiro , 1933
Sobre o dorso possante do cavalo Banhado pela luz do sol nascente Eu penetrei o atalho, na floresta. Tudo era força ali, tudo era força Força ascencional da natureza. A luz...
A galinha-d'angola
Rio de Janeiro , 1970
Coitada Da galinha- D’angola Não anda Regulando Da bola Não para De comer A matraca E vive A reclamar Que está fraca: — “Tou fraca! Tou...
A grande voz
Rio de Janeiro , 1933
É terrível, Senhor! Só a voz do prazer cresce nos ares. Nem mais um gemido de dor, nem mais um clamor de heroísmo Só a miséria da carne, e o mundo se...
A hora íntima
Rio de Janeiro , 1950
Quem pagará o enterro e as flores Se eu me morrer de amores? Quem, dentre amigos, tão amigo Para estar no caixão comigo? Quem, em meio ao funeral ...