A anunciação
Rio de Janeiro , 1962
Montevidéu Virgem! filha minha De onde vens assim Tão suja de terra Cheirando a jasmim A saia com mancha De flor carmesim E os brincos da...
A arca de Noé
Rio de Janeiro , 1970
Sete em cores, de repente O arco-íris se desata Na água límpida e contente Do ribeirinho da mata. O sol, ao véu transparente Da chuva de ouro e de prata...
A bomba atômica I
rio de Janeiro , 1954
e = mc2 Einstein Deusa, visão dos céus que me domina … tu que és mulher e nada mais! (Deusa, valsa carioca.) Dos céus descendo Meu...
A brusca poesia da mulher amada (III)
Rio de Janeiro , 2004
Rio de Janeiro A Nelita Minha mãe, alisa de minha fronte todas as cicatrizes do passado Minha irmã, conta-me histórias da infância em que que eu haja...
A espantosa ode a São Francisco de Assis
Rio de Janeiro , 2004
1 Meu são Francisco de Assis, Francisco de Assim, poverello, ou como te chame a sabedoria dos povos e dos homens Este é Vinicius de Moraes, de quem se podia dizer - o poeta - se...
A esposa
Rio de Janeiro , 1933
Às vezes, nessas noites frias e enevoadas Onde o silêncio nasce dos ruídos monótonos e mansos Essa estranha visão de mulher calma Surgindo do vazio dos meus olhos...
A floresta
Rio de Janeiro , 1933
Sobre o dorso possante do cavalo Banhado pela luz do sol nascente Eu penetrei o atalho, na floresta. Tudo era força ali, tudo era força Força ascencional da natureza. A luz...
A impossível partida
Rio de Janeiro , 1935
Como poder-te penetrar, ó noite erma, se os meus olhos cegaram nas luzes da cidade E se o sangue que corre no meu corpo ficou branco ao contato da carne indesejada?... Como poder viver...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de rostos...
A legião dos Úrias
Rio de Janeiro , 1935
Quando a meia-noite surge nas estradas vertiginosas das montanhas Uns após outros, beirando os grotões enluarados sobre cavalos lívidos Passam olhos brilhantes de...
A lenda da maldição
Rio de Janeiro , 1935
A noite viu a criança que subia a escada cheia de risos e de sombras E pousou como um pássaro ferido sobre as árvores que choravam. A criança era o príncipe-poeta...
A música das almas
Rio de Janeiro , 1935
Le mal est dans le monde comme un esclave qui monte l’eau. Claudel Na manhã infinita as nuvens surgiram como a loucura numa alma E o vento como o instinto desceu os...
A primeira namorada
Rio de Janeiro , 2004
Tu me beijaste, Coisa Triste Justo durante a elevação Depois, impávida, partiste A receber a comunhão. Tinhas apenas seis ou sete E isso...
A que há de vir
Rio de Janeiro , 1933
Aquela que dormirá comigo todas as luas É a desejada de minha alma. Ela me dará o amor do seu coração E me dará o amor da sua carne. Ela abandonará...
A queda
Rio de Janeiro , 1935
Tu te abaterás sobre mim querendo domar-me mas eu te resistirei Porque a minha natureza é mais poderosa do que a tua. Ao meu abraço procurarás condensar-te em força...