Perdoai-me, meus amigos,...
Rio de Janeiro , 2004
Perdoai-me, meus amigos, a minha súbita vontade de chorar em vosso mágico convívio Eu tenho vontade de chorar sobre a minha súbita inocência. Tenho também...
Pescador
Rio de Janeiro , 1946
Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas ...
Poema de aniversário
Rio de Janeiro , 1962
Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte... Eu quisera...
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...
Poema dos olhos da amada
Rio de Janeiro , 1959
Vinicius de Moraes , Paulo Soledade Ó minha amada Que olhos os teus São cais noturnos Cheios de adeus São docas mansas Trilhando...
Poema enjoadinho
rio de Janeiro , 1954
Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de...
Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique
Rio de Janeiro , 2004
Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Poética
Rio de Janeiro , 1954
De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem...
Poética ( II )
Rio de Janeiro , 1962
Com as lágrimas do tempo E a cal do meu dia Eu fiz o cimento Da minha poesia. E na perspectiva Da vida futura Ergui em carne viva Sua...
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Purificação
Rio de Janeiro , 1933
Senhor, logo que eu vi a natureza As lágrimas secaram. Os meus olhos pousados na contemplação Viveram o milagre de luz que explodia no céu. Eu caminhei, Senhor....
Quando me ergui ela dormia, nua...
Rio de Janeiro , 2004
Oxford Quando me ergui ela dormia, nua E sorria, em seu sono desmaiada Tinha a face longínqua e iluminada E alto, seu sexo sugava a Lua. Toquei-a, ela fremiu,...
Quatro sonetos de meditação
Oxford , 1946
I Mas o instante passou. A carne nova Sente a primeira fibra enrijecer E o seu sonho infinito de morrer Passa a caber no berço de uma cova. Outra carne...
Que hei de fazer de mim,...
Rio de Janeiro , 2004
Que hei de fazer de mim, neste quarto sozinho Apavorado, lancinado, corrompido A solidão ardendo em meu corpo despido E em volta apenas trevas e a imagem do carinho! ...