Meu coração se perde de carinho...
Rio de Janeiro , 2004
Meu coração se perde de carinho Por ti, ó pássaro oculto na noite! Tua voz pressaga é também uma elegia Sem mistérío; a...
Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer...
Rio de Janeiro , 2004
Minha mãe, diz a santa Teresa que quando eu morrer Eu quero ir para o céu. Fala com são Francisco também, providencia Conta minha infância, quando...
Não comerei da alface a verde pétala
Los Angeles , 1962
Não comerei da alface a verde pétala Nem da cenoura as hóstias desbotadas Deixarei as pastagens às manadas E a quem mais aprouver fazer dieta. ...
No momento que a morte me viu...
Rio de Janeiro , 2004
No momento que a morte me viu E a cidade enorme calou um segundo para assistir ao último transe da minha agonia Alguém me deu a mão na rua E eu me voltando vi...
Notícia d'O Século
Rio de Janeiro , 1946
Nas terras do Geraz Que compreendem três populosas freguesias O povo ainda se mostra sucumbido Com o bárbaro crime do lavrador Manuel da Névoa E...
O amor dos homens
Paris , 1962
Na árvore em frente Eu terei mandado instalar um alto-falante com que os passarinhos Amplifiquem seus alegres cantos para o teu lânguido despertar. Acordarás...
O apelo
Rio de Janeiro , 1946
Que te vale, minha alma, essa paisagem fria Essa terra onde parecem repousar virgens distantes? Que te importa essa calma, essa tarde caindo sem vozes Esse ar onde as nuvens se...
O bergantim da aurora
Rio de Janeiro , 1935
Velho, conheces por acaso o bergantim da aurora Nunca o viste passar quando a saudade noturna te leva para o convés imóvel dos rochedos? Há muito tempo ele me lançou sobre...
O camelô do amor
Rio de Janeiro , 2004
Los Angeles O Amor tonifica o cabelo das mulheres Torna-o vivo e dá-lhe um brilho natural. Ondulações permanentes? só das do amor. Amai! Nada melhor...
O eleito
Rio de Janeiro , 2004
Itatiaia Quando eu era menor na grande moradia De minha avó materna e de meu pobre avô Muitas vezes senti, como alguém que sonhou Pesar sobre meu corpo o...
O escravo
Rio de Janeiro , 1935
J'ai plus de souvenirs que si j'avais mille ans. Baudelaire A grande Morte que cada um traz em si. Rilke Quando a tarde veio o vento veio e...
O falso mendigo
Rio de Janeiro , 1938
Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda Quero fazer uma poesia. Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado E me trazer muito devagarinho....
O haver
Rio de Janeiro , 2004
Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura Essa intimidade perfeita com o silêncio Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo - Perdoai-os! porque eles...
O incriado
Rio de Janeiro , 1935
Distantes estão os caminhos que vão para o Tempo — outro luar eu vi passar na altura Nas plagas verdes as mesmas lamentações escuto como vindas da eterna espera O...
O mágico
Rio de Janeiro , 1938
Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a...