Antiode à tristeza
Montevidéu , 1962
Ó enfermeira sem som do olhar sem cor Que refletida ao último infinito Pela lúcida insânia dos espelhos Passeias pelo imenso corredor Desta...
Ariana, a mulher
Rio de Janeiro , 1936
Quando, aquela noite, na sala deserta daquela casa cheia da montanha em torno O tempo convergiu para a morte e houve uma cessação estranha seguida de um debruçar do instante para o...
As procelárias
Rio de Janeiro , 2004
De minha velha torre eu acompanho cada ano as aves que fogem dos climas atrozes Lentas aves cuja multidão de asas batendo deixa a tempestade boiar sobre os verdes oceanos dos...
Ausência
Rio de Janeiro , 1935
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto. No entanto a tua...
Azul e branco
Rio de Janeiro , 1946
Concha e cavalo-marinho Mote de Pedro Nava I Massas geométricas Em pautas de música Plástica e silêncio Do...
Balada da moça do Miramar
rio de Janeiro , 1954
Silêncio da madrugada No Edifício Miramar... Sentada em frente à janela Nua, morta, deslumbrada Uma moça mira o mar. Ninguém sabe quem é ela Nem...
Balada da praia do Vidigal
Rio de Janeiro , 1946
A lua foi companheira Na praia do Vidigal Não surgiu, mas mesmo oculta Nos recordou seu luar Teu ventre de maré cheia Vinha em ondas me puxar ...
Balada das arquivistas
rio de Janeiro , 1954
Oh jovens anjos cativos Que as asas vos machucais Nos armários dos arquivos! Delicadas funcionárias Designadas por padrões Prisioneiras honorárias Da mais fria das...
Balada das duas mocinhas de Botafogo
Rio de Janeiro , 1935
Eram duas menininhas Filhas de boa família: Uma chamada Marina A outra chamada Marília. Os dezoito da primeira Eram brejeiros e finos Os vinte...
Balada das meninas de bicicleta
Rio de Janeiro , 1946
Meninas de bicicleta Que fagueiras pedalais Quero ser vosso poeta! Ó transitórias estátuas Esfuziantes de azul Louras com peles mulatas ...
Balada de Pedro Nava
Rio de Janeiro , 1946
(O anjo e o túmulo) I Meu amigo Pedro Nava Em que navio embarcou: A bordo do Westphalia Ou a bordo do Lidador? Em que...
Balada do cavalão
Rio de Janeiro , 1946
A tarde morre bem tarde No morro do Cavalão... Tem um poder de sossego. Dentro do meu coração Quanto sangue derramado! Balança, rede,...
Balada do mangue
Oxford , 1946
Pobres flores gonocócicas Que à noite despetalais As vossas pétalas tóxicas! Pobre de vós, pensas, murchas Orquídeas do...
Balada do morto vivo
rio de Janeiro , 1954
Tatiana, hoje vou contar O caso do Inglês espírito Ou melhor: do morto vivo. Diz que mesmo sucedeu E a dona protagonista Se quiser pode ser vista No hospício mais...
Balada feroz
Rio de Janeiro , 1938
Canta uma esperança desatinada para que se enfureçam silenciosamente os cadáveres dos afogado Canta para que grasne sarcasticamente o corvo que tens pousado sobre a tua...