Exumação de Mário de Andrade
Rio de Janeiro , 2004
No 17º ano da sua morte e no 40º do seu nascimento Na semana de Arte Moderna Minha casa de Saint Andrews Place. Duas da manhã. Abro uma gaveta Com um...
História passional, Hollywood, Califórnia
rio de Janeiro , 1954
Preliminarmente, telegrafar-te-ei uma dúzia de rosas Depois te levarei a comer um shop-suey Se a tarde também for loura abriremos a capota Teus cabelos ao vento marcarão oitenta...
Itaoca
Rio de Janeiro , 2004
Serenamente pousada Sobre a montanha elevada Como um ninho de poesia, A casa branca e pequena É como a mansão serena Da luz, da paz, da alegria! ...
Lembrete
Rio de Janeiro , 2004
A nunca esquecer: as manhãs Da infância, os pães alemães A sala escura Na casa da rua...
Lisboa tem terremoto...
Rio de Janeiro , 2004
Lisboa tem terremoto Porém, em compensação Tem muitas cores no céu Muitos amores no chão Tem, numa casa pequena O poeta Alexandre...
Mensagem à poesia
rio de Janeiro , 1954
Não posso Não é possível Digam-lhe que é totalmente impossível Agora não pode ser É impossível Não posso. Digam-lhe que...
Minha cabeça pesada balança,...
Rio de Janeiro , 2004
Minha cabeça pesada balança, rola, e sai vagando pela casa como um astro penado E a sinto examinando os velhos quadros familiares com um olhar que eu desconheço na sua...
O mágico
Rio de Janeiro , 1938
Diante do mágico a multidão boquiaberta se esquece. Não há mais lugar na Grande Praça: as ruas adjacentes se cobrem de uma negra onda humana. Em todas as casas a...
O olhar para trás
Rio de Janeiro , 1935
Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte palpitante... Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha...
O operário em construção
Rio de Janeiro , 1959
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: - Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi...
O pinguim
Rio de Janeiro , 1970
Bom dia, pinguim Onde vai assim Com ar apressado? Eu não sou malvado Não fique assustado Com medo de mim. Eu só gostaria De dar um tapinha No seu chapéu-jaca...
O poeta em trânsito ou o filho pródigo
Rio de Janeiro , 2004
Acordarei as aves que, noturnas Por medo à treva calam-se nos galhos E aguardam insones o romper da aurora. Despertarei os bêbados nos pórticos Os...
O vale do paraíso
Rio de Janeiro , 1933
Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor...
Olhe aqui, Mr. Buster *
Rio de Janeiro , 1962
* Este poema é dedicado a um americano simpático, extrovertido e podre de rico, em cuja casa estive poucos dias antes de minha volta ao Brasil, depois de cinco anos de Los Angeles, EUA. Mr....
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...