Poema de aniversário
Rio de Janeiro , 1962
Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte... Eu quisera...
Poema de Auteil
Rio de Janeiro , 1959
A coisa não é bem essa. Não há nenhuma razão no mundo (ou talvez só tu, Tristeza!) Para eu estar andando nesse meio-dia por essa rua estrangeira...
Poema de Natal
Rio de Janeiro , 1946
Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses ...
Poema desentranhado da história dos particípios
Rio de Janeiro , 1962
(Do urianismo dos verbos ter e haver) A partir do século XVI Os verbos ter e haver esvaziaram-se de sentido Para se tornarem exclusivamente auxiliares E os...
Poema dos olhos da amada
Rio de Janeiro , 1959
Vinicius de Moraes , Paulo Soledade Ó minha amada Que olhos os teus São cais noturnos Cheios de adeus São docas mansas Trilhando...
Poema enjoadinho
rio de Janeiro , 1954
Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de...
Poema na morte de meu compadre Carlos Echenique
Rio de Janeiro , 2004
Compadre Você morreu Você morreu de sua morte simples e dolorosa Sonda na barriga (Minha comadre que me perdoe de lembrar essas coisas) Vômitos, e...
Poema nº três em busca da essência
Rio de Janeiro , 2004
Do amor como do fruto. (Sonhos dolorosos das ermas madrugadas acordando…) Nas savanas a visão dos cactos parados à sombra dos escravos - as negras mãos no ventre...
Poema para Candinho Portinari em sua morte cheia de azuis e rosas
Rio de Janeiro , 1962
Petrópolis Lá vai Candinho! Pra onde ele vai? Vai pra Brodóvski Buscar seu pai. Lá vai Candinho! Pra onde ele foi? Foi pra...
Poema para todas as mulheres
Rio de Janeiro , 1938
No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre E se embebedam do perfume do teu sexo. Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado Confuso,...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Poética
Rio de Janeiro , 1954
De manhã escureço De dia tardo De tarde anoiteço De noite ardo. A oeste a morte Contra quem vivo Do sul cativo O este é meu norte. Outros que contem...
Pôr-do-sol em Itatiaia
Campo Belo , 1940
Nascentes efêmeras Em clareiras súbitas Entre as luzes tardas Do imenso crepúsculo. Negros megalitos Em doce decúbito Sob o...
Pressentimento
Rio de Janeiro , 2004
Deixa dormir na tua porta o sono, poeta apascentado pela Lua Seus seios bebem teu sangue para alimentar os anjos Ouve as flores, sente como as suas minúsculas tetas de perfume ...
Princípio
Rio de Janeiro , 1938
Na praia sangrenta a gelatina verde das algas — horizontes! Os olhos do afogado à tona e o sexo no fundo (a contemplação na desagregação da forma...) O mar......