O poeta aprendiz
Rio de Janeiro , 1962
Ele era um menino Valente e caprino Um pequeno infante Sadio e grimpante. Anos tinha dez E asinhas nos pés Com chumbo e bodoque Era plic e...
O sacrifício do vinho
Rio de Janeiro , 2004
Paris Contra o crepúsculo O vinho assoma, exulta, sobreleva Muda o cristal da tarde em rubra pompa Ganha som, ganha sangue, ganha seios Contra o crepúsculo...
O vale do paraíso
Rio de Janeiro , 1933
Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor...
Os inconsoláveis
Rio de Janeiro , 1933
Desesperados vamos pelos caminhos desertos Sem lágrimas nos olhos Desesperados buscamos constelações no céu enorme E em tudo, a escuridão. Quem nos levará...
Os malditos
Rio de Janeiro , 1935
(A aparição do poeta) Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em...
Os quatro elementos
Rio de Janeiro , 1957
I – O FOGO O sol, desrespeitoso do equinócio Cobre o corpo da Amiga de desvelos Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio. E ainda,...
Otávio
Rio de Janeiro , 2004
Torce a boca, olha as coisas abstrato Percorre da varanda os quatro cantos E tirando do corpo um carrapato Imagina o romance mil e tantos... Logo após olha o...
Pescador
Rio de Janeiro , 1946
Pescador, onde vais pescar esta noitada: Nas Pedras Brancas ou na ponte da praia do Barão? Está tão perto que eu não te vejo pescador, apenas ...
Poema de aniversário
Rio de Janeiro , 1962
Porque fizeste anos, Bem-Amada, e a asa do tempo roçou teus cabelos negros, e teus grandes olhos calmos miraram por um momento o inescrutável Norte... Eu quisera...
Poema dos olhos da amada
Rio de Janeiro , 1959
Vinicius de Moraes , Paulo Soledade Ó minha amada Que olhos os teus São cais noturnos Cheios de adeus São docas mansas Trilhando...
Poema enjoadinho
rio de Janeiro , 1954
Filhos... Filhos? Melhor não tê-los! Mas se não os temos Como sabê-los? Se não os temos Que de consulta Quanto silêncio Como os queremos! Banho de...
Poema nº três em busca da essência
Rio de Janeiro , 2004
Do amor como do fruto. (Sonhos dolorosos das ermas madrugadas acordando…) Nas savanas a visão dos cactos parados à sombra dos escravos - as negras mãos no ventre...
Poema para todas as mulheres
Rio de Janeiro , 1938
No teu branco seio eu choro. Minhas lágrimas descem pelo teu ventre E se embebedam do perfume do teu sexo. Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado Confuso,...
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Quando me ergui ela dormia, nua...
Rio de Janeiro , 2004
Oxford Quando me ergui ela dormia, nua E sorria, em seu sono desmaiada Tinha a face longínqua e iluminada E alto, seu sexo sugava a Lua. Toquei-a, ela fremiu,...