Poema de Natal
Rio de Janeiro , 1946
Para isso fomos feitos: Para lembrar e ser lembrados Para chorar e fazer chorar Para enterrar os nossos mortos - Por isso temos braços longos para os adeuses ...
Poesia 1
Rio de Janeiro , 1979
Elegia desesperada Oxford Alguém que me falasse do mistério do Amor Na sombra - alguém! alguém que me mentisse Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto...
Provavelmente não virei montado...
Rio de Janeiro , 2004
Provavelmente não virei montado Em cavalo nenhum, como soía Nem de armadura, que essa, trago vestida Feita do aço da vida Sobre a cota de malha do...
Quando me ergui ela dormia, nua...
Rio de Janeiro , 2004
Oxford Quando me ergui ela dormia, nua E sorria, em seu sono desmaiada Tinha a face longínqua e iluminada E alto, seu sexo sugava a Lua. Toquei-a, ela fremiu,...
Quietação
Rio de Janeiro , 1933
No espaço claro e longo O silêncio é como uma penetração de olhares calmos... Eu sinto tudo pousado dentro da noite E chega até mim um lamento...
Rancho das flores
Rio de Janeiro , 2004
Entre as prendas com que a natureza Alegrou este mundo onde há tanta tristeza A beleza das flores realça em primeiro lugar É um milagre De aroma...
Solilóquio
Rio de Janeiro , 1938
Talvez os imensos limites da pátria me lembrem os puros E amargue em meu coração a descrença. Sinto-me tão cansado de sofrer, tão cansado! — algum dia,...
Sonata do amor perdido
Rio de Janeiro , 1938
Lamento nº 1 Onde estão os teus olhos — onde estão? — Oh — milagre de amor que escorres dos meus olhos! Na água iluminada dos rios da lua eu os vi...
Soneto a quatro mãos
Rio de Janeiro , 2004
(com Paulo Mendes Campos) Tudo de amor que existe em mim foi dado. Tudo que fala em mim de amor foi dito. Do nada em mim o amor fez o infinito Que por muito tornou-me...
Soneto da mulher casual
Rio de Janeiro , 2004
Por não seres aquela que eu buscava Nem do meu ontem nada recordares, Por não haver, aquém e além dos mares, Alguém mais relva e seda, avena e...
Soneto de despedida
Rio de Janeiro , 1940
Uma lua no céu apareceu Cheia e branca; foi quando, emocionada A mulher a meu lado estremeceu E se entregou sem que eu dissesse nada. Larguei-as pela jovem...
Soneto de devoção
Rio de Janeiro , 1938
Essa mulher que se arremessa, fria E lúbrica aos meus braços, e nos seios Me arrebata e me beija e balbucia Versos, votos de amor e nomes feios. Essa mulher, flor de melancolia...
Soneto de quarta-feira de cinzas
Rio de Janeiro , 1941
Por seres quem me foste, grave e pura Em tão doce surpresa conquistada Por seres uma branca criatura De uma brancura de manhã raiada Por seres de uma rara...
Soneto na morte de José Arthur da Frota Moreira
Rio de Janeiro , 2004
Cantamos ao nascer o mesmo canto De alegria, de súplica e de horror E a mulher nos surgiu no mesmo encanto Na mesma dúvida e na mesma dor. Criamos toda a...
Todas as namoradas que eu já tive...
Rio de Janeiro , 2004
Todas as namoradas que eu já tive Estão noivas Uma só dentre todas não está noiva Casou-se. Nenhuma se lembra mais de mim As que...
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