O tempo nos parques
rio de Janeiro , 1954
O tempo nos parques é íntimo, inadiável, imparticipante, imarcescível. Medita nas altas frondes, na última palma da palmeira Na grande pedra intacta, o tempo...
O terceiro filho
Rio de Janeiro , 1933
Em busca dos irmãos que tinham ido Eu parti com pouco ouro e muita bênção Sob o olhar dos pais aflitos. Eu encontrei os meus irmãos Que a ira do Senhor...
O único caminho
Rio de Janeiro , 1933
No tempo em que o Espírito habitava a terra E em que os homens sentiam na carne a beleza da arte Eu ainda não tinha aparecido. Naquele tempo as pombas brincavam com as crianças...
O vale do paraíso
Rio de Janeiro , 1933
Quando vier de novo o céu de maio largando estrelas Eu irei, lá onde os pinheiros recendem nas manhãs úmidas Lá onde a aragem não desdenha a pequenina flor...
O verbo no infinito
Rio de Janeiro , 1962
Ser criado, gerar-se, transformar O amor em carne e a carne em amor; nascer Respirar, e chorar, e adormecer E se nutrir para poder chorar Para poder nutrir-se; e...
Ode a maio
Rio de Janeiro , 2004
Maio dançarino! abre tuas asas diáfanas Sobre as corolas nascituras; limpa os céus De azul; aclara e alegra as águas do mundo Jovem, doce Maio! enxota...
Of God and gold
Rio de Janeiro , 1962
As gold breeds misery Misery breeds light That makes the stones glare For the pauper's delight. Light is but the pauper's gold Stones are but rocks ...
Olhe aqui, Mr. Buster *
Rio de Janeiro , 1962
* Este poema é dedicado a um americano simpático, extrovertido e podre de rico, em cuja casa estive poucos dias antes de minha volta ao Brasil, depois de cinco anos de Los Angeles, EUA. Mr....
Olhos mortos
Rio de Janeiro , 1933
Algum dia esses olhos que beijavas tanto Numa carícia sem mistérios Olharão para o céu e pararão. Nesse dia nem o teu beijo angelizante Poderá novamente...
Os acrobatas
Rio de Janeiro , 1946
Subamos! Subamos acima Subamos além, subamos Acima do além, subamos! Com a posse física dos braços Inelutavelmente galgaremos O...
Os bens imóveis
Rio de Janeiro , 2004
Montevidéu Sua ausência... a asa Roça-me, do pranto... Por ela, em meu canto Chorei tanto, tanto... - Não é mesmo, Casa? Que...
Os inconsoláveis
Rio de Janeiro , 1933
Desesperados vamos pelos caminhos desertos Sem lágrimas nos olhos Desesperados buscamos constelações no céu enorme E em tudo, a escuridão. Quem nos levará...
Os malditos
Rio de Janeiro , 1935
(A aparição do poeta) Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez nada Talvez a multiplicação de cinco em...
Os quatro elementos
Rio de Janeiro , 1957
I – O FOGO O sol, desrespeitoso do equinócio Cobre o corpo da Amiga de desvelos Amorena-lhe a tez, doura-lhe os pelos Enquanto ela, feliz, desfaz-se em ócio. E ainda,...
Otávio
Rio de Janeiro , 2004
Torce a boca, olha as coisas abstrato Percorre da varanda os quatro cantos E tirando do corpo um carrapato Imagina o romance mil e tantos... Logo após olha o...