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Soneto a Lasar Segall

Rio de Janeiro , 1957

De inescrutavelmente no que pintas
Como num amplo espaço de agonias
Imarcescível música de tintas
A arder na lucidez das coisas frias:

Tão patéticas sois, tão sonolentas
Cores que o meu olhar mortificais
Entre verdes crestados e cinzentas
Ferrugens no prelúdio dos metais.

Que segredo recobre a velha pátina
Por onde a luz se filtra quase tímida
Do espaço silencioso que esculpiste

Para pintar sem gritos de escalarte
Na profunda revolta contra o crime
Daqueles que fizeram a vida triste?...

Rio, 1942

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