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Soneto de um casamento

Rio de Janeiro , 2004

Na sala de luz lívida, sorriam 
Sombras imóveis; e outras lacrimosas 
Perseguiam lembranças dolorosas 
Na exaltação das flores que morriam. 

Em vácuos de perfume, descaíam 
Diáfanos, de diáfanas mãos piedosas 
Fátuos sons de brilhantes que fremiam 
Entre a crepitação lenta das rosas. 

Nas taças cheias acendiam círios 
Votivos, e entre as taças e entre os lírios 
Vozes veladas, nessa mesa posta 

Velavam... enquanto plácida e perdida 
Irreal e longínqua como a vida 
Toda de branco perpassava a Morta.