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Soneto de Montevidéu

Rio de Janeiro , 1962

Não te rias de mim, que as minhas lágrimas 
São água para as flores que plantaste 
No meu ser infeliz, e isso lhe baste 
Para querer-te sempre mais e mais. 

Não te esqueças de mim, que desvendaste 
A calma ao meu olhar ermo de paz 
Nem te ausentes de mim quando se gaste 
Em ti esse carinho em que te esvais. 

Não me ocultes jamais teu rosto; dize-me 
Sempre esse manso adeus de quem aguarda 
Um novo manso adeus que nunca tarda 

Ao amante dulcíssimo que fiz-me 
À tua pura imagem, ó anjo da guarda 
Que não dás tempo a que a distância cisme.