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Soneto da desesperança

Rio de Janeiro , 2004

De não poder viver sua esperança 
Transformou-a em estátua e deu-lhe um nicho 
Secreto, onde ao sabor do seu capricho 
Fugisse a vê-la como uma criança. 

Tão cauteloso fez-se em seus cuidados 
De não mostrá-la ao mundo, que a queria 
Que por zelo demais, ficaram um dia 
Irremediavelmente separados. 

Mas eram tais os seus ciúmes dela 
Tão grande a dor de não poder vivê-la, 
Que em desespero, resolveu-se: - Mato-a! 

E foi assim que triste como um bicho 
Uma noite subiu até o nicho 
E abriu o coração diante da estátua.