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O namorado das ruas

Rio de Janeiro , 2004

Eu sou doido por Alice 
Mas confesso que a meiguice 
De Conceição me alucina. 
Lucília não me dá folga 
Porém que amor é Bambina! 
Por Olga já fiz miséria 
Perdi dinheiro e saúde 
Mas quando Maria Quitéria 
Apareceu, eu não pude... 
Mais tarde, dona Florinda 
Quase me pega: que uva! 
Depois foi a viúva Dantas: 
Nunca vi coisa mais linda 
Do que o morro da Viúva. 
Em seguida foram tantas 
Que já nem estou mais lembrado 
Foi Tereza Guimarães 
Foi Carolina Machado. 
Hilda tinha tanto fogo 
Que eu, fraco, sem poder mais 
Mudei para Botafogo 
Meus casos sentimentais. 
Minha dona Mariana 
Que saudades da senhora... 
Como foi bom seu convívio 
Depois que deixei Aurora! 
Foi por essa ocasião 
Que eu, numa questão de dias 
Namorei tantas Marias 
Quantas encontrei à mão. 
Primeiro, Maria Amália 
E logo Maria Angélica 
Que larguei por Marieta 
Por achá-la um tanto bélica. 
Maria do Carmo deu-me 
Momentos a não esquecer 
E a bela Maria Paula... 
Morei nela de morrer. 
Estela... de minha vida 
Nunca vi coisa mais nua 
Nem mais ardente; foi ela 
Quem mostrou-me o olho da rua. 
Em Ana Teles perdi 
Os meus versos mais profundos 
Depois passei-me para Alcina: 
Como adorava os baldios 
Que existiam nos seus fundos! 
E Irene... como era triste! 
No entanto, tão bem calçada... 
Nela gastei muito alpiste 
Para a sua passarada. 
Mas se me disserem: poeta 
Qual o nome mais amado 
Das ruas que conheceu? 
Eu tanto tempo passado 
Ó minha Joana Angélica 
Iria dizer o teu.