voltarPoesias

Máscara mortuária de Graciliano Ramos

Rio de Janeiro , 1953

Feito só, sua máscara paterna, 
Sua máscara tosca, de acre-doce 
Feição, sua máscara austerizou-se 
Numa preclara decisão eterna. 

Feito só, feito pó, desencantou-se 
Nele o íntimo arcanjo, a chama interna 
Da paixão em que sempre se queimou 
Seu duro corpo que ora longe inverna. 

Feito pó, feito pólen, feito fibra 
Feito pedra, feito o que é morto e vibra 
Sua máscara enxuta de homem forte. 

Isto revela em seu silêncio à escuta: 
Numa severa afirmação da luta, 
Uma impassível negação da morte.

Livros com essa poesia