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Lisboa tem terremoto...

Rio de Janeiro , 2004

Lisboa tem terremoto 
Porém, em compensação 
Tem muitas cores no céu 
Muitos amores no chão 
Tem, numa casa pequena 
O poeta Alexandre O'Neill 
E a bela Karla morena 
Na embaixada do Brasil 
Aymé! o mote repete 
Lisboa tem terremoto 
Mas tem o Nuno Calvet 
Para lhe fazer cada foto! 
É, eu sei - retruca o mote 
Que não me deixa mentir 
Lisboa tem terremoto 
Não deve nada a Agadir 
Mas, já que estamos nos sismos 
Capazes de destruir 
Tem o ator Nicolau Breynes 
Pra gente morrer... de rir 
Tem David, irmão de Jayme 
E Jayme, irmão de David 
Não fossem os Mourão Ferreira 
E eu nunca estaria aqui. 
Pois é, o mote reclama 
Lisboa tem terremoto 
Mas tem o fato da Alfama 
Tem o sapato do Otto 
(Sapato, claro, é maneira 
Carinhosa de dizer 
Pois fosse o Otto sapato 
Eu também queria ser) 
E o Otto tem sua Helena 
E Helena, seu broto em flor 
A nena Helena Cristina 
(Ou Maria-Pão-de- Queijo) 
De quem eu sou cantador. 
Em matéria de Cristinas 
Só temos saldo a favor! 
Mas, alto! me grita o mote 
Mote-mote, mote-moto 
Deixe de tanto fricote 
Lisboa tem terremoto! 
E você? Parta-o um raio! 
Terremoto… é natural 
Mas e a Terezinha Amayo 
E a Laurinha Soveral 
E essa coisa pequenina 
De quem todo mundo gosta 
A sempre altiva menina 
Que se chama Beatriz Costa? 
E Amália, a grande, a divina 
Que é de Portugal a voz 
Ela também quando cisma 
Não faz tremer todos nós? 
E está tudo bem, meu velho 
És de Lisboa um devoto 
Mas pergunta do Antonio Aurélio 
Que é arquiteto e tem teto 
Lisboa tem terremoto! 
Mas tem, em contrapartida 
O Antônio […] da Câmara 
Pra lhe contar outra história 
Um bom amigo, que em vida 
Soube conquistar a glória. 
E a Glória tem Terezinha 
E tem Wandinha que é um amor 
Quem teve brotinhos assim 
Não tem medo do tremor. 
E tem o Raul Solnado 
Que eu acho um senhor ator 
Quem tem atores assim 
Não tem medo de tremor. 

- Lisboa tem terremoto 
Geme o mote, ao expirar 
- Faz figa! Faz figa, Otto! 
Terremoto? Sai, azar!