voltarPoesias

Soneto a Octávio de Faria

Oxford , 1939

Não te vira cantar sem voz, chorar 
Sem lágrimas, e lágrimas e estrelas 
Desencantar, e mudo recolhê-las 
Para lançá-las fulgurando ao mar? 

Não te vira no bojo secular 
Das praias, desmaiar de êxtase nelas 
Ao cansaço viril de percorrê-las 
Entre os negros abismos do luar? 

Não te vira ferir o indiferente 
Para lavar os olhos da impostura 
De uma vida que cala e que consente? 

Vira-te tudo, amigo! coisa pura 
Arrancada da carne intransigente 
Pelo trágico amor da criatura.

Oxford, 1939

Livros com essa poesia