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Soneto da madrugada

Rio de Janeiro , 1946

Pensar que já vivi à sombra escura 
Desse ideal de dor, triste ideal 
Que acima das paixões do bem e do mal 
Colocava a paixão da criatura! 

Pensar que essa paixão, flor de amargura 
Foi uma desventura sem igual 
Uma incapacidade de ternura 
Nunca simples e nunca natural! 

Pensar que a vida se houve de tal sorte 
Com tal zelo e tão íntimo sentido 
Que em mim a vida renasceu da morte! 

Hoje me libertei, povo oprimido 
E por ti viverei meu ódio forte 
Nesse misterioso amor perdido.

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