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Forma e exegese

Rio de Janeiro, Pongetti, 1935

Forma e Exegese marca a continuidade da carreira de Vinicius de Moraes como poeta. Ainda com 22 anos, era o segundo livro do jovem que ainda se apegava ao Simbolismo como escola dileta na hora de fazer versos ou escolher temas. As várias dedicatórias do livro para Arthur Rimbaud, Mallarmé, Claudel ou Jacques Riviére, selam a aliança do jovem poeta com sua matriz literária francesa e nos mostra a filiação poética que Vinicius ainda cultivava. 

Apesar do universo simbolista e de sua ligação com o meio intelectual católico do Rio de Janeiro, o livro apresenta alguns primeiros passos em poéticas que lhe seriam usuais futuramente. Poemas como “Ilha do Governador”, sobre sua infância no bairro carioca, ou “A volta da mulher morena” destacam-se dos longos versos herméticos e transcendentais. Eles já apontam para um Vinicius mais tangível e cotidiano, e que, não obstante, daria à sua expressão ainda mais beleza e profundidade.

Forma e Exegese foi um claro passo adiante do jovem poeta em relação ao seu primeiro livro e conseguiu ganhar destaque no meio literário do período. Mesmo sem ainda ter na ocasião a amizade que construiria ao longo da vida, ele recebe publicamente críticas positivas de um então já maduro Manuel Bandeira. Com o livro, Vinícius ganha o prestigioso prêmio Filipe d’Oliveira.

Nota Bibliográfica

Forma e exegese foi publicado em 1935 (Rio de Janeiro: Irmãos Pongetti), 173 p. A epígrafe do volume é de J. Rivière - "Je ne vois clair qu'au contact de la vie." e é dedicado a Jean-Arthur Rimbaud e Jacques Rivière.

Em Antologia Poética, de 1954, os versos que compõem “Os malditos” e “O nascimento do homem” formariam um único poema, com o título de “O poeta”.

O livro é dividido em 5 partes:

I - (De "O olhar para trás" a "Ausência" - poemas de 1 a 6)
Epígrafe de León Bloy: "Souffrir passe, avoir souffert ne passe jamais."

II - (De "O incriado" a "Agonia" - poemas de 7 a 12)
Epígrafe de uma carta de Mário Vieira de Mello: "Deus existe, eu é que não existo.", e de Mallarmé: "- Le Ciel est mort. - Vers toi, j'accours! donne, ô matière.".

III - (De "A legião dos Úrias" a "A música das almas" - poemas de 13 a 19)
Epígrafe de Goethe: "Todo o efêmero não é senão símbolo.", e de Rimbaud: "… j'ai vu quelquefois ce que l'homme a cru voir.".

IV - (De "O bergantim da aurora" a "A lenda da maldição" - poemas de 20 a 24)
Epígrafe de Rimbaud: "Mais, vrai, j'ai trop pleuré. Les aubes sont navrantes / Toute lune est atroce et tout soleil amer.".

V - (Composta pelas três partes do poema "Os malditos")
Epígrafe de Rimbaud: "Assez! voici la punition: - En Marche!".