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Soneto a quatro mãos

Rio de Janeiro , 2004

(com Paulo Mendes Campos) 

Tudo de amor que existe em mim foi dado. 
Tudo que fala em mim de amor foi dito. 
Do nada em mim o amor fez o infinito 
Que por muito tornou-me escravizado. 

Tão pródigo de amor fiquei coitado 
Tão fácil para amar fiquei proscrito. 
Cada voto que fiz ergueu-se em grito 
Contra o meu próprio dar demasiado. 

Tenho dado de amor mais que coubesse 
Nesse meu pobre coração humano 
Desse eterno amor meu antes não desse. 

Pois se por tanto dar me fiz engano 
Melhor fora que desse e recebesse 
Para viver da vida o amor sem dano.