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O BEM AMADO (trilha sonora da novela)
Philips, 1973
Produção: João Araújo
Coordenação: João Mello
Coordenação: João Mello
Cola de reproducción letra/canción
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1 - Paiol de Pólvora (O BEM AMADO)
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2 - Patota de Ipanema (O BEM AMADO)
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4 - Cotidiano nº2 (O BEM AMADO)
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6 - Meu pai Oxalá (O BEM AMADO)
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7 - Se o amor quiser voltar (O BEM AMADO)
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8 - Um pouco mais de consideração (O BEM AMADO)
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9 - Quem és? (Chi sei?) (O BEM AMADO)
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10 - Se o amor quiser voltar - Instrumental (O BEM AMADO)
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11 - No colo da serra (O BEM AMADO)
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Paiol de Pólvora
Vinicius de Moraes, Toquinho
Estamos trancados no paiol de pólvora
Paralisados no paiol de pólvora
Olhos vedados no paiol de pólvora
Dentes cerrados no paiol de pólvora
Só tem entrada no paiol de pólvora
Ninguém diz nada no paiol de pólvora
Ninguém se encara no paiol de pólvora
Só se enche a cara no paiol de pólvora
Mulher e homem no paiol de pólvora
Ninguém tem nome no paiol de pólvora
O azar é sorte no paiol de pólvora
A vida é morte no paiol de pólvora
São tudo flores no paiol de pólvora
TV a cores no paiol de pólvora
Tomem lugares no paiol de pólvora
Vai pelos ares o paiol de pólvora -
Patota de Ipanema
Vinicius de Moraes, Toquinho
Não tenho ido ao cinema
E a patota de Ipanema não me interessa mais
Podem dizer que eu já era
E eu só digo: ai, quem me dera
Uma vida em paz
Mas sem aquela rua tão sentimental
Com aquela lua de cartão-postal
Nem um maridinho de família bem
Todo arrumadinho
Puxa vida, mas também
Os caras que andam por aí
Com aquele papo mixo
De "sem essa, bicho
Deixa isso pra lá"
E o tipo de paquera
Tão sincera que eu vou te contar
Cansei de ir ao Zepelim
De dizer sim a inventores geniais
Da comunicação
Enfim, eu estou achando
Que a realidade sabe mais
Que a imaginação -
Veja você
Vinicius de Moraes, Toquinho
Veja você, eu que tanto cuidei minha paz
Tenho o peito doendo, sangrando de amor
Por demais
Agora eu sei a extensão da loucura que fiz
Eu que acordo cantando
Sem medo de ser infeliz
Quem te viu e quem te vê, hein rapaz?
Você tinha era manias demais
Mas aí o amor chegou
Desabou a sua paz
Despediu seu desamor pra nunca mais
Algum dia você vai compreender
A extensão de todo bem que eu lhe fiz
E você há de dizer: Eu agora sou feliz
Quem te viu e quem te vê, hein rapaz? -
Cotidiano nº2
Vinicius de Moraes, Toquinho
Há dias que eu não sei o que me passa
Eu abro o meu Neruda e apago o sol
Misturo poesia com cachaça
E acabo discutindo futebol
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Acordo de manhã, pão sem manteiga
E muito, muito sangue no jornal
Aí a criançada toda chega
E eu chego a achar Herodes natural
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Depois faço a loteca com a patroa
Quem sabe nosso dia vai chegar
E rio porque rico ri à toa
Também não custa nada imaginar
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Aos sábados em casa tomo um porre
E sonho soluções fenomenais
Mas quando o sono vem e a noite morre
O dia conta histórias sempre iguais
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Às vezes quero crer mas não consigo
É tudo uma total insensatez
Aí pergunto a Deus: escute, amigo
Se foi pra desfazer, por que é que fez?
Mas não tem nada, não
Tenho o meu violão
Tonga Editora Musical LTDA -
O Bem-Amado
Vinicius de Moraes, Toquinho
A noite no dia, a vida na morte, o céu no chão
Pra ele, vingança dizia muito mais que o perdão
O riso no pranto, a sorte no azar, o sim no não
Pra ele, o poder valia muito mais que a razão
Quando o sol da manhã vem nos dizer
Que o dia que vem pode trazer
O remédio pra nossa ferida, abre o meu coração
Logo o vento da noite vem lembrar
Que a morte está sempre a esperar
Em um canto qualquer desta vida
Quer queira, quer não
O espanto na calma, coragem no medo
Vai e vem, o corpo sem alma
Ainda na noite o mal e o bem
A noite no dia, a vida na morte, o céu no chão
Pra ele, vingança dizia muito mais que o perdão -
Meu pai Oxalá
Vinicius de Moraes, Toquinho
Atotô Abaluayê
Atotô babá
Atotô Abaluayê
Atotô babá
Vem das águas de Oxalá
Essa mágoa que me dá
Ela parecia o dia
A romper da escuridão
Linda no seu manto todo branco
Em meio à procissão
E eu, que ela nem via
Ao Deus pedia amor e proteção
Meu pai Oxalá é o rei
Venha me valer
O velho Omulu
Atotô Abaluayê
Que vontade de chorar
No terreiro de Oxalá
Quando eu dei com a minha ingrata
Que era filha de Inhansã
Com a sua espada cor-de-prata
Em meio à multidão
Cercando Xangô num balanceio
Cheio de paixão
Atotô Abaluayê
Atotô babá
Atotô Abaluayê
Atotô babá -
Se o amor quiser voltar
Vinicius de Moraes, Toquinho
Se o amor quiser voltar
Que terei pra lhe contar
A tristeza das noites perdidas
Do tempo vivido em silêncio
Qualquer olhar lhe vai dizer
Que o adeus me faz morrer
E eu morri tantas vezes na vida
Mas se ele insistir
Mas se ele voltar
Aqui estou sempre a esperar -
Um pouco mais de consideração
Vinicius de Moraes, Toquinho
Porque você é tão ruim
Não me diz não nem me diz sim
Sofre demais o meu coração
Pois nunca sabe quando é sim ou não
Que foi que eu fiz que não se faz
Não tenho paz, não sou feliz
Assim é muita ingratidão
Um pouco mais de consideração
Já que você foi quem me fez contente
Já que você me cativou assim
Você podia, muito francamente
Entrar a sério nessa história de gostar de mim
Independente de qualquer motivo
Que você tenha pra gostar assim
Já que você foi quem me fez cativo
A obrigação agora é sua de cuidar de mim -
Quem és? (Chi sei?)
Vinicius de Moraes, Toquinho
Quem és tu, quem és?
Serás a sombra de mistério
Ou és a breve primavera
A mariposa que se pousa e que se vai
Quem és, amor?
Que me surgiste como a cor no vulto triste
Ou como o verso impressentido que revela e que se vai
Me deixaste provar-te uma alegria que eu não sabia mais
A súbita poesia de um único verão
Me deixaste saber que ainda existia o som de uma canção
A paz sem nostalgia
O amor sem solidão
Amor, quem és?
Que penetraste o meu silêncio
Com teus pés tão frágeis
Ah, pudesse eu saber um dia, finalmente, quem és
Amor, quem és?
Que penetraste o meu silêncio
Com teus pés tão frágeis
Ah, pudesse eu saber um dia, finalmente, quem és -
Se o amor quiser voltar (Instrumental)
Vinicius de Moraes, Toquinho
Instrumental -
No colo da serra
Vinicius de Moraes, Toquinho
Uma casinha qualquer
No colo da serra
Um palmo de terra
Pra se plantar
O colo de uma mulher
Uma companheira
Uma brasileira
Pra se amar
Se eu tiver que lutar
Vou é lutar por ela
Se eu tiver que morrer
Vou é morrer por ela
E se eu tiver que ser feliz
Você vai ter que ser feliz também!
Homens vieram da noite
Em gritos de guerra
Feriram a terra
O céu e o mar
Homens ficaram no chão
Mirando as estrelas
Mas sem poder vê-las
No céu brilhar
E o que mais prometer
Aos herdeiros da vida?
E que versos fazer
À mulher concebida?
E quando alguém morrer assim
Vai ser a morte para mim também!
E que versos fazer
À mulher concebida?
Se eu tiver que morrer
Vou morrer pela vida!
Se eu tiver que morrer
Vou morrer pela vida!