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FOGO SOBRE TERRA (TRILHA SONORA ORIFINAL DA NOVELA)

Som Livre, 1974

Produção musical: João Mello e Eustáquio Sena
Coordenação geral: João Araújo
  • As cores de abril

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    As cores de abril
    Os ares de anil
    O mundo se abriu em flor
    E pássaros mil
    Nas flores de abril
    Voando e fazendo amor

    O canto gentil
    De quem bem te viu
    Num pranto desolador
    Não chora, me ouviu
    Que as cores de abril
    Não querem saber de dor

    Olha quanta beleza
    Tudo é pura visão
    E a natureza transforma a vida em canção

    Sou eu, o poeta, quem diz
    Vai e canta, meu irmão
    Ser feliz é viver morto de paixão

    Tonga Editora Musical LTDA
  • A senha do lavrador

    Helvécio, J. Jorge

    Mas se Deus quiser
    Cai chuva miúda 
    Que molha o mato
    Que planta a muda
    Que dá o pé

    Eu só tenho fé
    Em quem me ajuda fazer a casa
    Pé de arruda faz vir mulher. 

    O trem de ferro via danado pra Catende, 
    Vai danado pra Catende
    Com vontade de chegar
    No fim do ano 
    é que lá vai ter mutirão
    É que lá vai ter mutirão
    É muita gente no arraiá

    Só Deus do céu me vê
    Só Deus do céu me dá
    Um pedacinho de terra
    Enxada e ancinho pra capinar.
  • Uma rosa em minha mão

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    Procurei um lugar 
    Com meu céu e meu mar 
    Não achei 
    Procurei o meu par 
    Só desgosto e pensar, encontrei 

    Onde anda o meu rei 
    Que me deixa tão só por aí 
    A quem tanto busquei 
    E de tanto que andei me perdi 
    Quem me dera encontrar 
    Ter meu céu, ter meu mar 
    Ter meu chão 
    Ver meu campo florir 
    E uma rosa se abrir na minha mão

    Tonga Editora Musical LTDA
  • Calmaria e vendaval

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    Choro e canto, mato e morro
    Corro entre o bem e o mal
    Sem querer faço da vida
    Calmaria e vendaval
    Passarinho e águia brava
    Brisa mansa e temporal

    Vendo o dia se apagando
    Vejo a noite amanhecer
    Passo o tempo procurando
    Quem me possa responder
    Como é que tem quem vive
    Sem ninguém por quem morrer

    Um caminho a gente encontra
    Só questão de procurar
    Se uma reta está no céu
    Uma curva está no mar
    Só não se acha saída
    Quando a morte vem levar

    Tonga Editora Musical LTDA
  • Pele de Couro

    Ruy Maurity, J. Jorge

    Mia amada pela frontera, pela frontera, pela frontera,
    Mia amada pela frontera, la Puerta del Sol,
    Mia amada es mi corazón

    Montado num cavalo baio, meu menino pulando brejo e cobra
    Chega em casa, não dá trabaio, deita fora, espora lá se bota
    Capenga e banguelo, sol se põe sobre o seu cabelo louro
    Sorriso de velho, catinga do mato, pele de couro,
    Pele de couro.

    Montado num cavalo baio, meu menino pulando brejo e cobra
    Chega em casa, não dá trabaio, deita fora, espora lá se bota
    Nosso pai morreu de véio, nossa mãe inventava cada caso
    Lá no cemitério o chapéu é uma flor, mais um abraço,
    Mais um abraço

    Montado num cavalo baio, meu menino pulando brejo e cobra
    Chega em casa, não dá trabaio, deita fora, espora lá se bota
    Quando meu menino deita, me consola, pede benção, me aquece
    Sua cor de maleita, seu corpo pelado, minha quermesse

    Mia amada pela frontera, pela frontera,
    Mia amada pela frontera
    La Puerta del Sol, mia amada es mi corazón.
  • Fogo sobre terra

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    A gente às vezes tem vontade de ser 
    Um rio cheio pra poder transbordar 
    Uma explosão capaz de tudo romper 
    Um vendaval capaz de tudo arrasar 

    Mas outras vezes tem vontade de ter 
    Um canto escuro onde poder se ocultar 
    Um labirinto onde poder se perder 
    E onde poder fazer o tempo parar 

    Oh, dor de saber que na vida 
    É melhor de saída 
    Ser um bom perdedor 
    Amor, minha fonte perdida 
    Vem curar a ferida 
    De mais um sonhador

    Tonga Editora Musical LTDA
  • Com licença, moço

    Ruy Maurity, J. Jorge

    E com licença, moço, que eu não sou de briga
    O teu olhar de ponta não me desafia
    Eu dou a meia-volta, ganho o meio-dia
    Tenho um pé no chão e um na poesia
    Se o meu canto é triste é que sei chorar

    E com licença, moço, que eu não tenho medo
    O teu segredo, eu sei, é só a simpatia
    Se eu já fui herói, foi só de brincadeira
    Hoje penso alto, digo até besteira
    Se o meu canto é rude, é o que sei cantar

    E me desculpe moço, que eu vou ser mais claro
    O que me pertence já me custa caro
    Minha paz, meu sonho e o meu lugar
  • Divinéia

    Guga, Getúlio Oliveira, Léo Karan, Adauto Santos

    Ela vem como um dilúvio
    Já matou tanta bondade
    Cada porto, igreja e praça
    Esse tempo foi parado

    Tudo que lhe deu a seco
    Hoje morre afogado
    Divinéia, casa nova, centro, sé,
    Pilão marcado
    Inundação chegando
    E o destino já traçado

    Conselheiro bem dizia
    Isso tudo vai mudar
    O mar vai virar sertão
    E o sertão vai virar mar
    Pra poder seguir, viver
    Deixo o todo se afogar

    Divinéia casa nova, centro, sé,
    Pilão marcado
    Inundação chegando
    E o destino já traçado

    Já que o altar da virgem santa
    Vai virar cama pra peixe
    Divinéia se levanta
    Me proteja, não me deixe. 
  • Planta baixa

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    Plante uma boa semente 
    Numa terra condizente, que a semente dá 

    Pegue, regue bem a planta 
    Que nem praga não adianta 
    Ela vai vingar 
    Planta é como o sentimento 
    Tem o seu momento 
    Tem o seu lugar 

    Regue bem seu sentimento 
    Porque rega no momento 
    Não pode faltar 
    Gente também é semente 
    Tem que estar contente 
    Tem que respirar 

    Plante uma cidade toda 
    Ponha gente em seu contorno 
    E a vida a rodar 
    Dia-a-dia é corrosivo 
    E de tudo que está vivo 
    Se deve cuidar 
    Planta sem sol e o vento 
    Dentro do cimento é bom nem pensar 

    Regue bem seu sentimento 
    Porque rega no momento 
    Não pode faltar 
    Gente também é semente 
    Tem que estar contente 
    Tem que respirar

    Tonga Editora Musical LTDA
  • Ai quem me dera

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    Ai quem me dera, terminasse a espera 
    E retornasse o canto simples e sem fim... 
    E ouvindo o canto se chorasse tanto 
    Que do mundo o pranto se estancasse enfim 

    Ai quem me dera percorrer estrelas 
    Ter nascido anjo e ver brotar a flor 
    Ai quem me dera uma manhã feliz 
    Ai quem me dera uma estação de amor 

    Ah! Se as pessoas se tornassem boas 
    E cantassem loas e tivessem paz 
    E pelas ruas se abraçassem nuas 
    E duas a duas fossem ser casais 

    Ai quem me dera ao som de madrigais 
    Ver todo mundo para sempre afins 
    E a liberdade nunca ser demais 
    E não haver mais solidão ruim 

    Ai quem me dera ouvir o nunca mais 
    Dizer que a vida vai ser sempre assim 
    E finda a espera ouvir na primavera 
    Alguem chamar por mim...

    Tonga Editora Musical LTDA
  • O verde é maravilha

    Ruy Maurity, J. Jorge

    O verde é maravilha
    Fruta de quitanda
    O sol quando brilha
    Tem flor de ciranda

    A água do rio molha o campo
    E o meu coração bate pilão
    E o meu coração bate pilão

    O galo canta no quintal
    O boi amansa o mato de manhã
    A casa no canavial
    Um gosto novo de hortelã

    Maria foi um nome de empregada
    Bateu pilão na beira da estrada
    Fez um colar de bolinha de gude
    Na beira do açude ela vai cantar
  • Passarinhada

    Ruy Maurity, J. Jorge

    Manhã candeia, sombra de casco
    A noite inteira passarinhou
    Só bebe o rio e o bebedouro
    É mau agouro, passarinhou

    Vou levar minha viola, levar meu embornal
    Essa trilha dá em gente, gente nova, capital
    Vou levar minha viola, levar meu embornal
    Essa trilha dá em gente, gente nova, capital

    A mãe lavando as pedras à beira lá do açude
    Com seu braço morno e rude o suor de quem passou
    Mas o filho era bruto, só crivado de rancor
    Fez da cor da despedida tardes do interior

    Vou, vou levar minha viola, levar meu embornal
    Essa trilha dá em gente, gente nova, capital

    Lá no poente se debruçando, a sua gente se perguntou
    Por onde as águas desse meu rio, por onde o filho passarinhou
    Vou, vou levar minha viola, levar meu embornal
    Essa trilha dá em gente, gente nova, capital

    O menino foi campeiro, hoje empunha o embornal
    Desce rio, desce ribeiro, avançando o matagal
    A vida se faz nascente numa casa filial
    Chaminé tão saliente: é o curso industrial.
  • Fogo sobre terra

    Vinicius de Moraes, Toquinho

    A gente às vezes tem vontade de ser 
    Um rio cheio pra poder transbordar 
    Uma explosão capaz de tudo romper 
    Um vendaval capaz de tudo arrasar 

    Mas outras vezes tem vontade de ter 
    Um canto escuro onde poder se ocultar 
    Um labirinto onde poder se perder 
    E onde poder fazer o tempo parar 

    Oh, dor de saber que na vida 
    É melhor de saída 
    Ser um bom perdedor 
    Amor, minha fonte perdida 
    Vem curar a ferida 
    De mais um sonhador

    Tonga Editora Musical LTDA