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Soneto de luz e treva

Rio de Janeiro , 2004

Itapuã
Para a minha Gesse, e para que 
ilumine sempre a minha noite 

Ela tem uma graça de pantera 
No andar bem-comportado de menina. 
No molejo em que vem sempre se espera 
Que de repente ela lhe salte em cima. 

Mas súbito renega a bela e a fera 
Prende o cabelo, vai para a cozinha 
E de um ovo estrelado na panela 
Ela com clara e gema faz o dia. 

Ela é de capricórnio, eu sou de libra 
Eu sou o Oxalá velho, ela é Inhansã 
A mim me enerva o ardor com que ela vibra 

E que a motiva desde de manhã. 
- Como é que pode, digo-me com espanto 
A luz e a treva se quererem tanto...

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