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Soneto da mulher ao sol

Rio de Janeiro , 1962

A bordo do Andrea C, a caminho da França
Uma mulher ao sol - eis todo o meu desejo 
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz 
A flor dos lábios entreaberta para o beijo 
A pele a fulgurar todo o pólen da luz. 

Uma linda mulher com os seios em repouso 
Nua e quente de sol - eis tudo o que eu preciso 
O ventre terso, o pêlo úmido, e um sorriso 
À flor dos lábios entreabertos para o gozo. 

Uma mulher ao sol sobre quem me debruce 
Em quem beba e a quem morda e com quem me lamente 
E que ao se submeter se enfureça e soluce 

E tente me expelir, e ao me sentir ausente 
Me busque novamente - e se deixa a dormir 
Quando, pacificado, eu tiver de partir...