backPoetry

Sinto-me só como um seixo de praia

Rio de Janeiro , 2004

Sinto-me só como um seixo de praia 
Vivendo à busca no cristal das ondas, 
Não sei se sou o que não sou. Pressinto 
Que a maré vai morar no fundo d'alma. 

Calo-me sempre se te escuto vindo 
Marulho de incerteza e de agonia; 
Há crenças deslizando nos meus traços, 
Molhando a estátua do meu sonho antigo. 

Declino-me nas frases dos rochedos 
Nas pérolas de som do inesquecer 
Na incrível sombra da montanha adulta. 

E ao me curvar ao peso da memória, 
Descubro meu reflexo obscuro 
Num soneto de espumas inexatas.