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O poeta

Rio de Janeiro , 1962

Olhos que recolhem 
Só tristeza e adeus 
Para que outros olhem 
Com amor os seus. 

Mãos que só despejam 
Silêncios e dúvidas 
Para que outras sejam 
Das suas, viúvas. 

Lábios que desdenham 
Coisas imortais 
Para que outros tenham 
Seu beijo demais. 

Palavras que dizem 
Sempre um juramento 
Para que precisem 
Dele, eternamente.